Resumo História do Cinema: Uma Introdução, David Bordwell Parte 02
- dara-2405
- 20 de out.
- 22 min de leitura
Feito por Dara Oliver
Capítulo 17 – O Cinema Europeu do Pós-Guerra: França, Escandinávia e Grã-Bretanha (1945–1959)
Nas décadas do pós-guerra, as nações europeias fora da Itália forjaram identidades cinematográficas distintas, equilibrando a recuperação comercial com a inovação artística.
França:
A Tradition of Quality dominou: adaptações literárias de alto orçamento, com visuais refinados, atuações estreladas e narrativas rigidamente roteirizadas.
Diretores proeminentes: Claude Autant-Lara (Le Diable au corps), Jean Delannoy (La Symphonie Pastorale), René Clément (Forbidden Games).
Críticos (notadamente os da Cahiers du Cinéma) atacaram essa tradição por sufocar a criatividade autoral, abrindo caminho para a Nouvelle Vague francesa.
Escandinávia:
Suécia: Ingmar Bergman ganhou destaque com dramas existenciais e psicológicos (Sorrisos de uma Noite de Verão, O Sétimo Selo).
Dinamarca e Noruega: produziram obras modestas, porém culturalmente específicas, frequentemente adaptações literárias.
O cinema escandinavo conquistou prestígio pela circulação em cinemas de arte no exterior.
Grã-Bretanha:
Os Estúdios Ealing tornaram-se famosos por comédias satíricas (Kind Hearts and Coronets, The Man in the White Suit).
Dramas sociais realistas sobre crimes e classe trabalhadora (The Blue Lamp, Room at the Top) refletiram as mudanças sociais.
O cinema britânico muitas vezes dependia de coproduções com os EUA para financiamento e distribuição.
Características Compartilhadas:
Ênfase no artesanato, na identidade nacional e em fortes tradições narrativas.
Convivência de um cinema orientado ao comércio com obras autorais que anteciparam o modernismo dos anos 1960.
Até 1959, França, Escandinávia e Grã-Bretanha revitalizaram suas indústrias e conquistaram reconhecimento internacional, lançando bases importantes para as revoluções estilísticas da década seguinte.
Capítulo 18 – O Cinema do Pós-Guerra Além do Ocidente (1945–1959)
Após a Segunda Guerra Mundial, as indústrias cinematográficas fora da Europa e da América do Norte se reconstruíram e se redefiniram, muitas vezes misturando tradições locais com influências globais.
Japão:
A indústria se recuperou rapidamente, liderada pelos grandes estúdios Shochiku, Toho e Daiei.
Diretores como Akira Kurosawa (Rashomon, 1950), Kenji Mizoguchi (Ugetsu, 1953) e Yasujiro Ozu (Tokyo Story, 1953) ganharam aclamação internacional.
Os gêneros incluíam jidaigeki (filmes de época) e gendai-geki (dramas contemporâneos).
A censura do pós-guerra, sob a ocupação americana, incentivou temas democráticos e humanistas.
Índia:
Bombaim (Mumbai) consolidou seu papel como centro do cinema em hindi (“Bollywood”).
Os musicais de estúdio dominaram, integrando música, dança, romance e melodrama.
A Trilogia de Apu, de Satyajit Ray (Pather Panchali, 1955), apresentou o cinema indiano de arte ao mundo.
China e Hong Kong:
A indústria chinesa continental foi interrompida pela guerra civil e pela vitória comunista em 1949, levando à nacionalização e ao realismo socialista.
Hong Kong tornou-se um centro próspero de filmes em cantonês e mandarim, influenciados pelas tradições da ópera chinesa.
Sudeste Asiático:
As indústrias cinematográficas em países como as Filipinas se reconstruíram no período da independência pós-guerra, muitas vezes imitando gêneros de Hollywood, mas incorporando histórias locais.
América Latina:
O México viveu uma “Era de Ouro”, com estrelas como María Félix e diretores como Emilio Fernández (María Candelaria).
Argentina e Brasil mantiveram produções ativas, misturando melodrama, musical e comédia.
Oriente Médio e África:
O Egito foi o principal produtor de língua árabe, criando musicais e melodramas que dominaram os mercados regionais.
Outras regiões viram produções em escala menor, moldadas por contextos coloniais e infraestrutura limitada.
Até 1959, os cinemas do pós-guerra além do Ocidente tornaram-se cada vez mais visíveis internacionalmente, equilibrando apelo comercial com narrativas culturalmente específicas, preparando o terreno para maior intercâmbio global nos anos 1960.
Capítulo 19 – Cinema de Arte e a Ideia de Autoria
A partir do final da década de 1940, surgiu um modo distinto de fazer cinema conhecido como “cinema de arte”, priorizando a expressão pessoal, a ambiguidade e a experimentação estilística em detrimento das normas comerciais de Hollywood.
Características do Cinema de Arte:
Causalidade narrativa mais solta, histórias em aberto e complexidade psicológica.
Ênfase no realismo (filmagens em locação, atores não profissionais) e no estilo autoral.
Montagem elíptica, longos planos e uso não convencional do tempo e do espaço.
A Ideia do Autor:
Popularizada na França pelos críticos da Cahiers du Cinéma, especialmente François Truffaut, que defendia que a visão pessoal do diretor deveria moldar o filme (politique des auteurs).
Influenciada pelo reconhecimento anterior de estilos autorais distintos (ex.: Renoir, Welles, Hitchcock).
Diretores passaram a ser vistos como “autores”, mesmo dentro de sistemas comerciais.
Instituições do Cinema de Arte:
Festivais europeus de cinema (Cannes, Veneza, Berlim) promoveram a circulação internacional dos filmes de autor.
Conselhos nacionais de cinema, subsídios e sistemas de coprodução apoiaram o cinema de arte fora da economia hollywoodiana.
Cinematecas e cinemas de arte criaram públicos dedicados.
Figuras Notáveis:
Itália: Federico Fellini (La Strada, La Dolce Vita), Michelangelo Antonioni (L’Avventura).
França: Robert Bresson (Pickpocket), Alain Resnais (Hiroshima mon amour).
Suécia: Ingmar Bergman (Morangos Silvestres, O Sétimo Selo).
Japão: Akira Kurosawa, Yasujiro Ozu, Kenji Mizoguchi.
Relação com Hollywood:
Alguns diretores de Hollywood adotaram técnicas do cinema de arte, influenciando a Nova Hollywood nas décadas de 1960–70.
O cinema de arte ofereceu um modelo alternativo de narrativa e estilo que enriqueceu a cultura cinematográfica global.
Até os anos 1960, o cinema de arte e a teoria do autor haviam remodelado o discurso crítico e expandido as possibilidades da produção cinematográfica em todo o mundo.
Capítulo 20 – Novas Ondas e Cinemas Jovens (1958–1967)
Do fim da década de 1950 até os anos 1960, surgiu uma onda global de cinema inovador. Essas “Novas Ondas” desafiaram as práticas tradicionais dos estúdios, abraçaram perspectivas juvenis e remodelaram a forma e o estilo cinematográficos.
Contexto da Indústria:
No final da década de 1950, muitas indústrias cinematográficas nacionais enfrentavam queda de público devido à televisão, mudanças nos hábitos de lazer e competição com Hollywood.
Governos e instituições culturais começaram a financiar ou apoiar o cinema de arte como resposta.
Gerações mais jovens de cineastas buscavam alternativas às fórmulas comerciais, visando expressão pessoal e experimentação.
Tendências Formais e Estilísticas:
Rejeição da estética polida de estúdio em favor de filmagens em locação, luz natural e câmeras leves.
Ênfase em improvisação, narrativas fragmentadas, finais abertos e personagens em incerteza social ou pessoal.
Foco na vida urbana contemporânea, alienação e agitação política.
Uma nova cultura cinéfila (clubes de cinema, revistas, festivais) deu visibilidade internacional a esses movimentos.
França – A Nouvelle Vague e o Cinema da Margem Esquerda:
A Nouvelle Vague (New Wave): Liderada por críticos que se tornaram diretores da Cahiers du cinéma, como François Truffaut (Os Incompreendidos), Jean-Luc Godard (Acossado), Claude Chabrol e Éric Rohmer. Eles abraçaram o uso de câmeras portáteis, jump cuts e referências lúdicas à história do cinema.
O Grupo da Margem Esquerda: Associado a Alain Resnais (Hiroshima, Meu Amor), Agnès Varda e Chris Marker, inclinava-se a formas mais políticas e experimentais.Ambos os ramos valorizavam o autorismo, o cinema como expressão artística pessoal.
Outras Novas Ondas Europeias:
Itália: Jovens diretores como Pier Paolo Pasolini e Bernardo Bertolucci foram além do Neorrealismo com filmes politicamente carregados e ousados em estilo.
Grã-Bretanha: O realismo “Kitchen Sink” (Sábado à Noite e Domingo de Manhã, O Doce Sabor da Juventude) retratou lutas da classe trabalhadora com crítica social dura.
Tchecoslováquia, Polônia, Hungria, Iugoslávia: O Leste Europeu viu “Novas Ondas” apoiadas pelo Estado, mas artisticamente ousadas, frequentemente usando ironia e alegoria para criticar o autoritarismo.
Novos Cinemas Além da Europa:
Brasil: O Cinema Novo (liderado por Glauber Rocha) fundiu urgência política com forma experimental, abordando questões de pobreza e colonialismo.
Japão: Diretores como Nagisa Oshima e Shohei Imamura rebelaram-se contra o sistema de estúdios, retratando sexualidade, rebelião juvenil e alienação social.
Outras regiões: Movimentos semelhantes surgiram na América Latina, África e Oriente Médio, muitas vezes ligados à descolonização e identidade nacional.
Impacto Cultural: As Novas Ondas dos anos 1960 redefiniram o cinema mundial, inspirando cineastas independentes e de arte posteriores. Suas inovações, filmagens portáteis, narrativas fragmentadas, engajamento político, tornaram-se marcas do “cinema moderno”.
Capítulo 21 – Cinema Documental e Experimental no Pós-Guerra (1945 – meados da década de 1960)
As décadas do pós-guerra viram grandes inovações tanto no documentário quanto no cinema experimental, já que novas tecnologias e mudanças culturais abriram caminhos para o cinema não-ficcional e de vanguarda.
Rumo ao Documentário Pessoal:
Após a Segunda Guerra Mundial, o documentário se afastou da propaganda de grande escala da época da guerra em direção a explorações menores e mais íntimas.
Cineastas passaram a tratar o documentário como declaração pessoal ou artística, e não apenas como registro de fatos.
O National Film Board do Canadá apoiou filmes de consciência social, enquanto o movimento britânico Free Cinema (ex.: Lindsay Anderson, Karel Reisz) enfatizou vidas comuns e observação espontânea.
Na França, diretores como Alain Resnais (Noite e Neblina) e Chris Marker (Carta da Sibéria) criaram documentários ensaísticos e reflexivos. Jean Rouch, com seus filmes etnográficos (Crônica de um Verão), inaugurou a “antropologia compartilhada” e o cinéma vérité, misturando observação e interação com participantes.
Direct Cinema (EUA e Canadá):
Possibilitado por câmeras leves e gravadores de som portáteis sincronizados, capturava a realidade com imediatismo inédito.
Robert Drew e associados (incluindo D.A. Pennebaker, Richard Leacock e Albert & David Maysles) documentaram campanhas políticas, concertos e eventos cotidianos (Primary, Don’t Look Back).
No Canadá, produções bilíngues abraçaram o Direct Cinema para explorar mudanças sociais.
Cinéma Vérité (França):
Relacionado ao Direct Cinema, mas mais intervencionista. Cineastas franceses como Jean Rouch e Edgar Morin provocavam os sujeitos, levantando questões sobre verdade e performance no documentário.
Cinema Experimental e de Vanguarda:
O pós-guerra viu uma explosão de trabalhos experimentais nos EUA e Europa.
Maya Deren inaugurou filmes pessoais e oníricos (Meshes of the Afternoon), enfatizando percepção subjetiva e ritual.
Formas abstratas, de colagem e líricas floresceram, muitas vezes exibidas em galerias de arte ou sessões underground.
Mais tarde, Stan Brakhage e outros expandiram a vanguarda com obras intensamente pessoais e não narrativas (filme riscado, pintado, abstração portátil).
O expanded cinema (performance, instalação, eventos multimídia) borrava as fronteiras entre cinema e outras artes.
Legado: Documentários e filmes experimentais dessa era desafiaram a narrativa convencional, questionaram a natureza da verdade cinematográfica e ampliaram a própria definição de cinema. Eles prepararam o terreno para práticas futuras pessoais, políticas e multimídia.
Capítulo 22 – A Queda e a Ascensão de Hollywood (1960–1980)
Esse período foi de crise e reinvenção para o cinema americano, já que o velho sistema de estúdios desmoronou e uma nova geração de cineastas remodelou Hollywood.
Os Anos 1960: Indústria em Recessão
Queda de público devido à televisão, suburbanização e mudanças nos hábitos de lazer.
Grandes estúdios perderam dinheiro e venderam ativos (ex.: a MGM vendeu seus estúdios).
Gêneros tradicionais e épicos luxuosos (Cleópatra, 1963) muitas vezes fracassaram em recuperar custos.
O Código de Produção enfraqueceu, desafiado por ações judiciais e mudanças sociais, abrindo caminho para o sistema de classificação da MPAA (1968).
Estilos e Gêneros dos Anos 1960
Alguns filmes modificaram o estilo clássico de Hollywood com narrativas mais soltas, filmagens em locação e conteúdo mais explícito.
Temas contraculturais surgiram em filmes como A Primeira Noite de um Homem (1967) e Sem Destino (1969), que atraíram jovens.
O cinema de arte europeu influenciou diretores americanos, trazendo ambiguidade, finais abertos e realismo psicológico.
A Nova Hollywood (fim dos anos 1960–1970)
Uma geração mais jovem de cineastas, muitos formados em escolas de cinema, ganhou influência.
Diretores como Martin Scorsese, Francis Ford Coppola, George Lucas, Steven Spielberg e Robert Altman misturaram a narrativa clássica com influências do cinema de arte.
Filmes pessoais como Taxi Driver (1976) ou O Poderoso Chefão (1972) alcançaram sucesso comercial.
Hollywood abraçou o “cinema pessoal”, com diretores desfrutando de maior controle criativo, ao menos temporariamente.
A Era dos Blockbusters
O sucesso de Tubarão (1975, Spielberg) e Star Wars (1977, Lucas) marcou a mudança para a mentalidade de blockbuster: filmes de alto orçamento e ampla distribuição, apoiados por grandes campanhas de marketing e merchandising.
Estúdios passaram a investir pesadamente em menos filmes, mas maiores, voltados ao apelo global.
Oportunidades Independentes
Fora do sistema de blockbusters, filmes independentes e de baixo orçamento prosperaram, atendendo a públicos específicos e experimentando com estilo (Caminhos Perigosos, Eraserhead).
Essa esfera paralela ajudou a manter a diversidade no cinema americano.
Resultado: Até 1980, Hollywood havia se reestruturado em torno de conglomerados, franquias e marketing global. A crise dos estúdios nos anos 1960 deu origem tanto à criatividade da Nova Hollywood quanto à dominação comercial do modelo blockbuster, que ainda define a indústria.
Capítulo 23 – O Cinema Politicamente Crítico dos Anos 1960 e 1970
Durante os anos 1960 e 1970, o cinema tornou-se ferramenta de engajamento político no mundo inteiro. Lutas revolucionárias, descolonização e movimentos sociais inspiraram cineastas a criar novas formas radicais de cinema político.
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Esse texto usa o termo "Terceiro mundo" e "Terceiro cinema", termo ultrapassado usado nos anos 1960–1970 para se referir a países da América Latina, África e Ásia que não pertenciam nem ao “Primeiro Mundo” (países capitalistas ricos, como EUA e Europa Ocidental) nem ao “Segundo Mundo” (países socialistas liderados pela URSS).
Estranho pensar que o "primeiro mundo" e o "primeiro cinema" se refere a menos que 3% da população mundial.
Cinema Político no Terceiro Mundo:
Aspirações Revolucionárias: Cineastas na América Latina, África e Ásia viam o cinema como arma contra o imperialismo e a desigualdade.
América Latina: A Revolução Cubana impulsionou o desenvolvimento de um cinema nacional com filmes como Memórias do Subdesenvolvimento (1968, Tomás Gutiérrez Alea) e Lucía (1969, Humberto Solás). Na Argentina, o grupo militante Cine Liberación defendia o “terceiro cinema”, que rejeitava tanto Hollywood quanto o cinema de arte europeu em favor da prática revolucionária.
Cinema Africano Negro: Diretores como Ousmane Sembène (A Negra de..., 1966) usaram o cinema para criticar legados coloniais e retratar realidades africanas.
China: Durante a Revolução Cultural, o cinema foi rigidamente restrito a obras-modelo revolucionárias, limitando a diversidade artística.
Gêneros e Estilos Políticos:
Filmes políticos experimentaram com a forma para desafiar a passividade do espectador: quebrando a quarta parede, interrompendo o fluxo narrativo e inserindo mensagens políticas diretas.
Gêneros como documentário, filme-ensaio e drama agitprop foram usados para mobilizar o público.
Cinema Político no Primeiro e Segundo Mundos:
Leste Europeu e URSS: Diretores como Miklós Jancsó (Hungria) usaram alegoria e longos planos para criticar regimes autoritários de forma indireta.
Europa Ocidental: Cineastas franceses participaram do cinema ativista durante os protestos de Maio de 1968; coletivos como o Grupo Dziga Vertov (com Jean-Luc Godard) fundiram teoria marxista e forma radical.
Na Grã-Bretanha, o Berwick Street Collective e outros ligaram o cinema às lutas trabalhistas.
Nos EUA, cineastas underground e ativistas produziram filmes sobre racismo, Vietnã, feminismo e direitos civis.
Redes Globais: Festivais de cinema, cineclubes e movimentos políticos ajudaram a circular filmes engajados politicamente através de fronteiras nacionais, criando uma cultura transnacional de cinema ativista.
Legado: O cinema politicamente crítico dessa era expandiu a definição de filme além do entretenimento ou da arte, tornou-se uma forma de ativismo. Embora muitas dessas obras tenham enfrentado censura ou distribuição limitada, influenciaram tradições posteriores do cinema independente, documental e ativista em todo o mundo.
Capítulo 24 – O Documentário e o Cinema Experimental desde o final da década de 1960
A partir do final da década de 1960, o cinema documental e experimental passou por grandes transformações, expandindo em forma, tecnologia e propósito.
Documentário: Novas Abordagens
Documentário Político: Muitos cineastas adotaram o cinema como ferramenta política. Exemplos incluem filmes contra a Guerra do Vietnã, documentários feministas e obras sobre lutas trabalhistas. Grupos frequentemente trabalhavam coletivamente, desafiando a ideia do autor individual.
Filme-Ensaio: Uma forma híbrida que mistura reflexão pessoal, comentário e análise histórica. Cineastas como Chris Marker (Sans Soleil, 1982) e Harun Farocki combinaram imagens documentais com narração filosófica ou política.
Documentário Histórico: Séries televisivas de longa duração (por exemplo, The World at War) tornaram os documentários amplamente acessíveis, enquanto filmes de longa-metragem experimentavam com imagens de arquivo.
Filme Etnográfico: Baseando-se em tradições antropológicas anteriores, novos documentários etnográficos questionaram a autoridade do cineasta e incorporaram colaboração com os próprios sujeitos filmados.
Documentário Pessoal: Filmes autobiográficos surgiram, com cineastas explorando memória, identidade e vida familiar (por exemplo, Jonas Mekas, Ross McElwee).
Cinema Experimental: Expansão de Formas
Filme Estrutural (1960–1970): Focado nas qualidades materiais do filme e em estruturas pré-determinadas. Obras de Michael Snow (Wavelength) e Hollis Frampton enfatizaram duração, enquadramento e minimalismo.
Vanguarda Feminista: Mulheres experimentalistas criticaram a representação de gênero e usaram inovação formal para explorar a subjetividade feminina.
Performance e Cinema Expandido: Artistas como Carolee Schneemann integraram cinema com performance ao vivo, instalações e shows multimídia, dissolvendo fronteiras entre formas de arte.
Cinema Underground e Vídeo: A cena underground de Nova York (Kenneth Anger, Stan Brakhage, Jack Smith) influenciou práticas experimentais em escala global.
Videoarte: Com a introdução de equipamentos de vídeo portáteis no final dos anos 1960, artistas como Nam June Paik criaram obras que borravam os limites entre televisão, instalação e cinema experimental.
Contexto Tecnológico e Institucional
Câmeras leves de 16 mm e, depois, a tecnologia de vídeo possibilitaram maior acesso e produção mais barata.
Redes independentes de distribuição, cooperativas de cinema e programas universitários apoiaram a circulação.
Museus e galerias passaram a exibir cada vez mais filmes experimentais como objetos de arte.
Legado: Desde o final da década de 1960, o cinema documental e experimental expandiu tanto a expressão política quanto a pessoal. Ao questionar o realismo, a autoria e o papel do espectador, esses filmes remodelaram o cinema como espaço de ativismo, experimentação artística e exploração individual.
Capítulo 25 – Novos Cinemas e Novos Desenvolvimentos: Europa e URSS, 1960–1980
Dos anos 1960 até os anos 1980, o cinema europeu e soviético passou por mudanças profundas. Conflitos políticos, transformações culturais e inovações tecnológicas impulsionaram novos movimentos que desafiaram formas tradicionais do cinema.
Europa Ocidental: Depois das Novas Vagas
A influência das Novas Vagas dos anos 1950–1960 permaneceu, enquanto cineastas mais jovens desenvolveram seu legado.
França: Após a Nouvelle Vague, diretores como Jean-Luc Godard passaram ao cinema político radical (por exemplo, o Grupo Dziga Vertov), enquanto outros como François Truffaut e Eric Rohmer continuaram com filmes mais pessoais e narrativos. A década de 1970 também trouxe experimentações em torno de gênero e sexualidade.
Alemanha: O Novo Cinema Alemão surgiu com diretores como Rainer Werner Fassbinder, Werner Herzog, Wim Wenders e Volker Schlöndorff. Financiados em parte por subsídios estatais, seus filmes abordaram a história (especialmente o passado nazista), o sentimento de alienação e a política contemporânea.
Itália: Fellini, Antonioni e Pasolini dominaram, caminhando para obras cada vez mais pessoais e simbólicas. O cinema italiano também prosperou em gêneros populares como o spaghetti western e os giallo thrillers.
Reino Unido: Diretores como Ken Loach e Lindsay Anderson exploraram o realismo social, enquanto a indústria cinematográfica britânica enfrentava dificuldades financeiras e a dominação de Hollywood.
Europa Oriental: Alegorias Políticas
O controle estatal e a censura limitaram a liberdade artística, mas cineastas encontraram formas criativas de criticar os regimes por meio de alegorias e simbolismos.
Polônia: Diretores como Andrzej Wajda e Krzysztof Zanussi exploraram questões morais e filosóficas.
Tchecoslováquia: Após a Primavera de Praga (1968), a censura aumentou, mas cineastas como Miloš Forman emigraram e alcançaram sucesso no exterior.
Hungria e Iugoslávia: Diretores inovadores como Miklós Jancsó e Dušan Makavejev desafiaram a autoridade política por meio de ousados experimentos estilísticos.
URSS: Degelo e Estagnação
Durante o “Degelo” de Khruschov (meados dos anos 1950 – início dos anos 1960), cineastas como Andrei Tarkovsky (A Infância de Ivan, Andrei Rublev) e Sergei Parajanov introduziram um cinema altamente poético e simbólico.
Nos anos 1970, a censura da era Brezhnev gerou estagnação, mas ainda surgiram obras-primas como Stalker de Tarkovsky e Vá e Veja de Elem Klimov.
O cinema soviético frequentemente oscilava entre temas socialistas oficialmente aprovados e alegorias criticamente subversivas.
Contexto Cultural
A televisão desafiou o cinema como principal entretenimento de massa, levando as salas a enfatizar blockbusters espetaculares ou filmes de arte subsidiados.
Festivais de cinema (Cannes, Veneza, Berlim) tornaram-se plataformas centrais de reconhecimento internacional, sustentando o “cinema de arte” como categoria global.
Legado: Dos anos 1960 aos 1980, o cinema europeu e soviético tornou-se sinônimo de modernismo artístico, equilibrando financiamento estatal, crítica política e expressão pessoal. Esses filmes influenciaram o cinema de arte mundial e permanecem centrais no cânone da história moderna do cinema.
Capítulo 26 – Mudanças nos Cinemas Asiáticos, 1960–1980
Durante as décadas de 1960–1980, o cinema asiático passou por rápidas transformações industriais, políticas e culturais. As tradições nacionais evoluíram ao lado de influências globais, produzindo tanto filmes comerciais populares quanto cinema de arte aclamado.
Japão: Do Declínio dos Estúdios a Novos Caminhos
Nos anos 1960, os grandes estúdios japoneses enfrentaram queda de público devido à televisão.
Para competir, os estúdios investiram em gêneros voltados para a juventude, incluindo filmes de ação violentos e os chamados pink films (eróticos soft-core).
A Nova Onda Japonesa surgiu, com diretores como Nagisa Oshima, Shohei Imamura e Seijun Suzuki, desafiando normas sociais, tabus sexuais e convenções cinematográficas.
A produção independente cresceu e, nos anos 1970–80, autores como Akira Kurosawa (Kagemusha), Oshima e os contemporâneos mais jovens de Kurosawa mantiveram o Japão em destaque internacional.
O anime também ganhou força, estabelecendo as bases para sua futura influência global.
Índia: Cinema Paralelo vs. Cinema Popular
Bollywood permaneceu dominante com musicais, melodramas e filmes centrados em estrelas. Grandes nomes (como Amitabh Bachchan) definiram a cultura popular indiana.
Paralelamente, o Cinema Paralelo, apoiado pelo Estado e mais realista, surgiu com diretores como Satyajit Ray, Mrinal Sen e Shyam Benegal, abordando desigualdade social e a vida rural.
A coexistência entre o escapismo do cinema comercial e o engajamento social do cinema de autor moldou a identidade cinematográfica da Índia.
China e Hong Kong
Na China continental, a Revolução Cultural (1966–1976) restringiu o cinema a “obras-modelo” que promoviam a ideologia revolucionária. Somente após a morte de Mao, a Quinta Geração (Zhang Yimou, Chen Kaige) revitalizou o cinema chinês com filmes inovadores e aclamados internacionalmente nos anos 1980.
Em Hong Kong, os anos 1970 trouxeram fama mundial por meio do cinema de artes marciais, especialmente Bruce Lee e, mais tarde, Jackie Chan, que combinaram o kung fu tradicional com o espetáculo moderno de ação.
O estúdio Shaw Brothers dominou a indústria local, enquanto o cinema em cantonês ganhou novo prestígio.
Taiwan e Coreia
Taiwan: Passou de filmes de propaganda a produções mais diversas, culminando no Novo Cinema Taiwanês dos anos 1980 (Hou Hsiao-hsien, Edward Yang), marcado por estilo realista e crítica social.
Coreia do Sul: A censura rígida limitou a criatividade, mas os diretores produziram melodramas e épicos históricos. Nos anos 1980, uma nova onda de cinema socialmente consciente começou a surgir.
Sudeste Asiático
Indústrias menores (Tailândia, Filipinas, Indonésia) concentraram-se em filmes comerciais de gênero, com algumas obras alcançando atenção internacional. No caso das Filipinas, diretores como Lino Brocka combinaram melodrama com crítica social.
Legado: Entre 1960 e 1980, os cinemas asiáticos equilibraram o entretenimento de massa (musicais de Bollywood, artes marciais de Hong Kong, filmes de ação japoneses) com o cinema de arte inovador (Cinema Paralelo, Novas Ondas, filmes modernistas de Taiwan).
Essa dinâmica dupla posicionou a Ásia como fonte global tanto de gêneros populares quanto de um crescente centro de cinema de autor.
Capítulo 27 – Cinemas Nacionais e Tendências Internacionais desde os anos 1970
A partir da década de 1970, o cinema mundial se diversificou ainda mais. As indústrias nacionais buscaram se sustentar diante da dominação global de Hollywood, enquanto o cinema internacional de arte se tornou uma poderosa força cultural.
Europa Ocidental: A Busca pela Renovação
França: Diretores como François Truffaut, Eric Rohmer e, mais tarde, Jean-Luc Godard continuaram as tradições do cinema pessoal. Novos autores, como Claire Denis, expandiram esse legado.
Alemanha: Após o auge do Novo Cinema Alemão (Fassbinder, Herzog, Wenders), cineastas mais jovens buscaram tanto o cinema de arte quanto os gêneros populares.
Itália: Fellini, Antonioni e Bertolucci representaram tradições de autores, enquanto o cinema popular entrou em declínio diante da televisão e das importações dos EUA.
Grã-Bretanha: Enfrentou instabilidade industrial, embora cineastas como Ken Loach e Peter Greenaway tenham alcançado reconhecimento internacional. O financiamento estatal apoiou filmes de arte em pequena escala.
Europa Oriental: Entre a Arte e a Censura
Cineastas da Polônia, Hungria, Tchecoslováquia e Iugoslávia lidaram com a censura utilizando alegorias e narrativas simbólicas. Alguns diretores emigraram para o Ocidente (por exemplo, Miloš Forman) e influenciaram o cinema global.
União Soviética
Diretores como Andrei Tarkovsky continuaram a produzir obras poéticas e espirituais, embora a censura fosse restritiva. No final dos anos 1980, a Glasnost abriu espaço para uma produção cinematográfica mais ousada.
América do Norte
Hollywood: Blockbusters (por exemplo, Star Wars, E.T.) dominaram, mas o cinema independente continuou ativo, preparando o terreno para o boom indie dos anos 1990.
Canadá: O apoio estatal (National Film Board, Telefilm Canada) sustentou tanto documentários quanto filmes de arte. Diretores como David Cronenberg conquistaram reputação internacional.
América Latina
Apesar da repressão política, cineastas no Brasil, Argentina e México continuaram produzindo cinema socialmente engajado. Nas décadas de 1980–90, diretores como Héctor Babenco e, mais tarde, Alfonso Cuarón e Guillermo del Toro levaram o cinema latino-americano ao reconhecimento mundial.
Ásia
Japão: Manteve uma indústria estável, com diretores como Kurosawa ainda ativos, enquanto o anime se expandia internacionalmente.
China: A “Quinta Geração” (Zhang Yimou, Chen Kaige) obteve sucesso em festivais com filmes visualmente marcantes e alegóricos.
Hong Kong: O cinema de ação e artes marciais (Jackie Chan, John Woo) alcançou popularidade global.
Índia: Bollywood floresceu como uma potência global de entretenimento, enquanto o cinema de arte (Satyajit Ray, Shyam Benegal) continuou em paralelo.
Taiwan e Coreia: O Novo Cinema de Taiwan (Hou Hsiao-hsien, Edward Yang) e a ascensão dos autores coreanos nas décadas de 1980–90 marcaram a região como um centro para o novo cinema de arte.
África e Oriente Médio
Diretores como Ousmane Sembène (Senegal) e Youssef Chahine (Egito) criaram um cinema de forte carga política. O cinema iraniano conquistou aclamação internacional nos anos 1990 através de diretores como Abbas Kiarostami e Mohsen Makhmalbaf, com narrativas minimalistas e profundidade alegórica.
Cinema de Arte Global e Festivais
Festivais internacionais (Cannes, Veneza, Berlim, Toronto) tornaram-se centrais para a circulação do cinema mundial.
O conceito de “cinema mundial” passou a significar uma rede interconectada de cinemas nacionais, definida tanto pelos públicos de arte globais quanto pelos domésticos.
Legado: Desde os anos 1970, os cinemas nacionais se adaptaram à dominação global de Hollywood cultivando tradições de cinema de arte, apoiados por festivais, críticos e financiamento governamental. Ao mesmo tempo, gêneros populares (ação de Hong Kong, musicais de Bollywood, anime japonês) alcançaram alcance mundial, garantindo uma cultura cinematográfica global dinâmica.
Capítulo 28 – Hollywood desde os anos 1970: O Retorno do Blockbuster
A partir do final dos anos 1970, Hollywood se reestruturou em torno do modelo de blockbuster, transformando-se na indústria global de entretenimento que conhecemos hoje.
Mudanças Industriais
Conglomeração: Grandes estúdios foram absorvidos por estruturas corporativas maiores (por exemplo, Gulf+Western comprando a Paramount, Warner Communications comprando a Warner Bros.), conectando o cinema à televisão, à publicação e ao merchandising.
Sinergia: Os estúdios coordenaram ações em várias plataformas de mídia, ligando filmes a programas de TV, música, brinquedos e videogames.
Filmes de Alto Conceito: Premissas simples e facilmente comercializáveis, com apelo amplo, dominaram (por exemplo, Jaws, Top Gun).
A Ascensão do Blockbuster
Jaws (1975) e Star Wars (1977) inauguraram o blockbuster de verão, lançado em grande escala com campanhas publicitárias massivas.
As estratégias de lançamento mudaram de estreias graduais para exibições saturadas.Merchandising e continuações tornaram-se centrais para a lucratividade.
Inovações Tecnológicas
Avanços em efeitos especiais, animatrônica e imagens geradas por computador (CGI) expandiram o espetáculo.
Tecnologias de som (Dolby Stereo, THX, som digital surround) melhoraram a experiência cinematográfica.
Na década de 1990, filmes baseados em CGI como Jurassic Park (1993) redefiniram as possibilidades visuais.
Tendências de Gênero
Ação-aventura e fantasia dominaram (Spielberg, Lucas, Cameron). O herói de ação dos anos 1980 (Schwarzenegger, Stallone, Bruce Willis) incorporou os ideais da era Reagan de força e resiliência. Franquias de terror (Halloween, Friday the 13th, A Nightmare on Elm Street) floresceram. Comédias românticas, filmes adolescentes e familiares ofereceram contrapesos aos blockbusters centrados em ação.
Cinema Independente e Alternativas
Fora do mainstream dos blockbusters, o cinema independente ganhou força. Na década de 1980, diretores como Jim Jarmusch e Spike Lee construíram reputações com filmes pessoais em pequena escala. Nos anos 1990, a Miramax e o Sundance impulsionaram os indies (Pulp Fiction, Clerks, Sex, Lies, and Videotape) para o centro cultural. A distinção entre “independente” e “estúdio” ficou difusa, já que os indies frequentemente eram distribuídos por subsidiárias de estúdios.
Alcance Global
Os blockbusters de Hollywood dominaram os mercados internacionais, arrecadando mais no exterior do que no mercado interno. Estrelas, franquias e espetáculos baseados em efeitos tornaram-se os produtos de exportação mais valiosos de Hollywood.
Legado: Desde os anos 1970, Hollywood tem operado como uma indústria orientada por blockbusters, controlada por conglomerados e voltada globalmente, equilibrando franquias espetaculares com um fluxo contínuo de filmes independentes e de arte. Esse modelo permanece a espinha dorsal do cinema americano no século XXI.
Capítulo 29 – Rumo a um Novo Hollywood? Os anos 1980 e 1990
Hollywood nos anos 1980 e 1990 equilibrou a dominância dos blockbusters com a ascensão do cinema independente e a rápida transformação tecnológica, remodelando a indústria em sua forma moderna.
Mudanças Industriais e Econômicas
Os estúdios se tornaram divisões de conglomerados globais de mídia, integrando cinema, televisão, publicação e música. O home video (VHS, depois DVD) tornou-se uma fonte crucial de receita, às vezes superando a bilheteria. A televisão a cabo e o pay-per-view expandiram ainda mais as oportunidades de distribuição. Os mercados globais representaram uma parcela crescente dos lucros, influenciando elenco, gêneros e escala de produção.
Blockbusters e a Lógica das Franquias
Sequências, prelúdios e franquias tornaram-se a espinha dorsal da produção dos estúdios (Batman, Jurassic Park, Terminator, relançamentos de Star Wars). Estrelas como Tom Cruise, Arnold Schwarzenegger e Julia Roberts se tornaram ferramentas globais de marketing. Apresentações de alto conceito e blockbusters impulsionados por sinergia dominaram as decisões de aprovação.
Tecnologia Digital e Efeitos Especiais
A CGI revolucionou o cinema. Experimentos iniciais como Tron (1982) levaram a avanços em Terminator 2 (1991) e Jurassic Park (1993). Toy Story (1995), da Pixar, marcou o primeiro longa-metragem totalmente animado por computador, abrindo uma nova era na animação. A edição, o design de som e a distribuição também se tornaram cada vez mais digitalizados.
Ascensão do Cinema Independente
O Festival de Sundance tornou-se um polo para cineastas independentes.
Miramax, New Line e outros distribuidores especializados popularizaram filmes “indie” junto ao público mainstream.
Sucessos marcantes incluíram Sex, Lies, and Videotape (1989), de Steven Soderbergh, Pulp Fiction (1994), de Quentin Tarantino, e Fargo (1996), dos irmãos Coen.
Os indies frequentemente misturavam brincadeiras de gênero, narrativas não convencionais e temas mais ousados, influenciando o próprio Hollywood.
Filmes de Arte e Nicho
Filmes estrangeiros, documentários e obras experimentais encontraram maior circulação por meio de festivais e cinemas de arte. Diretores como Jim Jarmusch, Gus Van Sant e Todd Haynes exemplificaram um cinema americano pessoal e inovador fora do mainstream dos blockbusters.
Legado: Na década de 1990, Hollywood consolidou-se em um sistema definido pelo espetáculo dos blockbusters, pela distribuição globalizada e pela tecnologia digital, mas também cultivou uma vibrante cultura de cinema independente que desafiou convenções e influenciou o mainstream. Essa estrutura dual moldou o “novo Hollywood” do século XXI.
Capítulo 30 – Tecnologia Digital e o Cinema
Desde os anos 1990, a tecnologia digital transformou todas as etapas da produção, distribuição e exibição, remodelando o cinema global.
Produção Digital
Câmeras digitais e formatos de alta definição reduziram custos e aumentaram a flexibilidade.
Pioneiros incluíram George Lucas (Star Wars: Episode II – Attack of the Clones, 2002) e Robert Rodriguez (Sin City, 2005).
A CGI expandiu as possibilidades dos efeitos visuais (Jurassic Park, 1993; The Matrix, 1999).
Captura de movimento e captura de performance tornaram-se ferramentas essenciais para criar personagens digitais realistas (The Lord of the Rings, Avatar).
Pós-Produção Digital
Sistemas de edição não-linear (Avid, Final Cut Pro) permitiram cortes mais rápidos e complexos.
A correção de cor digital possibilitou manipulação precisa de tom e atmosfera (O Brother, Where Art Thou?, 2000).
Distribuição e Exibição Digital
A mudança do celuloide para a projeção digital acelerou após 2005, reduzindo custos de distribuição.
A entrega por satélite e discos rígidos substituiu os rolos físicos de filme.
O cinema 3D ressurgiu (Avatar, 2009) como atração premium.
Impacto nos Estilos Cinematográficos
Permitiu a fusão perfeita de live action e CGI, tornando os gêneros de fantasia e super-heróis dominantes.
Facilitou o cinema de baixo orçamento e independente, dando origem a novas vozes e modelos de distribuição online.
Efeitos Globais
Menores barreiras de entrada permitiram que indústrias cinematográficas emergentes competissem de forma mais eficaz. A pirataria e os serviços de streaming desafiaram os modelos tradicionais de receita de exibição. Na década de 2010, a tecnologia digital já era o padrão global, alterando a estética, a estrutura industrial e a experiência do público, enquanto levantava debates sobre a preservação do patrimônio cinematográfico na era digital.
Capítulo 31 – O Cinema Contemporâneo
Dos anos 1990 até o século XXI, o cinema global se diversificou em estilo, produção e distribuição, moldado pela globalização, mídia digital e mudanças nos hábitos do público.
Indústria Cinematográfica Globalizada
Hollywood permaneceu dominante, mas passou a depender cada vez mais dos mercados internacionais para sua bilheteria.
Coproduções e financiamentos multinacionais se tornaram comuns, mesclando talentos e recursos de diferentes países.
Franquias, continuações e filmes de super-heróis impulsionaram a economia dos blockbusters.
Cinema Independente e Alternativo
O cinema independente dos EUA ganhou destaque por meio de Sundance e outros festivais.
Diretores como Quentin Tarantino, os irmãos Coen e Sofia Coppola alcançaram tanto sucesso crítico quanto comercial.
O cinema microorçamentário e DIY se expandiu com ferramentas digitais acessíveis.
Tendências do Cinema Mundial
Ásia: Crescimento do cinema sul-coreano (Oldboy, Parasite), blockbusters chineses e estúdios de animação japoneses como o Studio Ghibli.
América Latina: Novas ondas na Argentina, Brasil e México (os “Três Amigos” – Cuarón, Iñárritu, del Toro).
África e Oriente Médio: O cinema iraniano ganhou aclamação em festivais (Abbas Kiarostami, Asghar Farhadi); Nollywood, na Nigéria, tornou-se um grande produtor de longas-metragens de baixo orçamento.
Mudanças Estéticas e Narrativas
A hibridez de gêneros e referências intertextuais floresceu.
Narrativas não lineares e histórias complexas passaram a atender a públicos de nicho.
Efeitos visuais digitais permitiram espetáculos sem precedentes, mas também novos estilos de realismo.
Novos Modos de Exibição
Multiplexes coexistiram com cinemas de arte, IMAX e formatos premium.Plataformas de streaming (Netflix, Amazon, depois Disney+, etc.) romperam os padrões tradicionais de lançamento cinematográfico.
Estreias simultâneas e lançamentos exclusivos em streaming tornaram-se mais comuns, especialmente após a COVID-19.
Conclusão: Nos anos 2020, o cinema contemporâneo se caracteriza por uma mistura dinâmica de blockbusters globais, indústrias locais diversas e narrativas digitais de primeira linha, com tecnologia, preferências do público e trocas culturais remodelando continuamente o meio.



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