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Resumo História do Cinema: Uma Introdução, David Bordwell - Parte 01

Feito por Dara Oliver 


Capítulo 1 – A Invenção e os Primeiros Anos do Cinema (1880s–1904)


O final do século XIX viu um boom na cultura visual popular, shows de lanterna mágica, estereoscópios, dioramas, circos e teatro itinerante, que prepararam o público para o cinema. Avanços da Revolução Industrial, como o telefone, o fonógrafo e a fotografia, criaram as condições para as imagens em movimento.


Pré-condições Tecnológicas


O cinema exigiu diversos desenvolvimentos: a compreensão da percepção visual humana (persistência da visão), a capacidade de registrar imagens sequenciais em um meio e um sistema de projeção capaz de mostrá-las rapidamente para criar a ilusão de movimento. Dispositivos anteriores, como o zootropo e a lanterna mágica, demonstravam princípios parciais, mas não a verdadeira fotografia em movimento.


Processo Internacional de Invenção


A criação do cinema não foi obra de um único inventor, mas um processo paralelo e internacional.

  • Estados Unidos: Thomas Edison e W.K.L. Dickson desenvolveram o Cinetoscópio (um visualizador com orifício) e a câmera Cinetógrafo.

  • França: Os irmãos Lumière aperfeiçoaram a projeção para públicos maiores com o Cinématographe.

  • Outros inovadores incluíram os irmãos Skladanowsky na Alemanha e Robert Paul e Birt Acres na Grã-Bretanha.


Produção e Exibição Cinematográfica Inicial


Os filmes iniciais eram curtas-metragens “actualities”, cenas da vida cotidiana, vistas de viagens ou momentos cômicos encenados. As exibições públicas se espalharam rapidamente, frequentemente em teatros, salões de música, feiras e lojas adaptadas.


  • Dominância Francesa nos Primórdios: Empresas como a Pathé Frères e a Gaumont se tornaram líderes precoces na indústria, exportando filmes para o mundo todo. Georges Méliès trouxe imaginação narrativa e efeitos especiais, usando edição e fotografia de truques para criar espetáculos de fantasia.

  • Inglaterra e a Escola de Brighton: Cineastas como G.A. Smith e James Williamson experimentaram a continuidade narrativa e o trabalho inovador com a câmera.

  • Estados Unidos: A dominância de Edison foi desafiada por rivais, levando a uma rápida inovação e competição.


No início dos anos 1900, o cinema evoluiu de uma novidade para um meio de entretenimento comercial, lançando as bases para a narrativa de histórias e a indústria cinematográfica global.


Capítulo 2 – A Expansão Internacional do Cinema (1905–1912)


Em meados dos anos 1900, o cinema mudou de uma atração de novidade para uma próspera indústria global, com rápido crescimento na produção, distribuição e exibição.


Produção de Filmes na Europa


  • França: A rivalidade entre a Pathé (produção em massa, cinejornais, comédias, melodramas) e a Gaumont (qualidade, inovação) definiu o mercado. A integração vertical da Pathé, produzindo, distribuindo e até fornecendo equipamentos, estabeleceu um modelo inicial para a indústria.

  • Itália: Conhecida por espetáculos históricos luxuosos (ex: Quo Vadis?), a Itália ganhou prestígio internacional através de produções em larga escala.

  • Dinamarca: A Nordisk Films, sob a direção de Ole Olsen, prosperou com melodramas e histórias de crime que viajavam bem internacionalmente.

  • Outros países como Rússia, Grã-Bretanha e Suécia construíram indústrias menores, mas vibrantes.


O Boom do Nickelodeon (Estados Unidos)


A partir de 1905, pequenos e baratos cinemas chamados nickelodeons se espalharam pelas cidades, impulsionados por públicos de imigrantes, horários de trabalho mais curtos e a cultura de lazer urbana. Essa demanda estável incentivou a produção consistente e o surgimento de intercâmbios de filmes especializados para a distribuição.


Conflitos da Indústria


  • A Motion Picture Patents Company (MPPC), formada por Edison e outros detentores de patentes em 1908, buscou monopolizar a produção e a distribuição de filmes nos EUA. Produtores independentes resistiram, frequentemente se mudando para Hollywood para escapar das restrições.

  • Pressões Sociais e Censura: Preocupações com a influência do cinema na moralidade levaram a pedidos de regulamentação. Os estúdios começaram a adotar medidas de autocensura para evitar a intervenção do governo.


A Ascensão do Longa-Metragem e do Sistema de Estrelas


Por volta de 1911-1912, os longa-metragens com múltiplos rolos ganharam popularidade, atraindo públicos maiores e permitindo narrativas mais complexas. Os estúdios começaram a promover atores individuais, criando as primeiras "estrelas de cinema" para comercializar os filmes.


A Mudança para Hollywood


Os produtores foram atraídos para o Sul da Califórnia por seu clima ensolarado, paisagens variadas e a distância dos fiscais de patentes de Edison. Essa migração lançou as bases para a dominância de Hollywood.


Animação Primitiva


Pioneiros como Émile Cohl (França) e Winsor McCay (EUA) exploraram a animação desenhada à mão, introduzindo outro ramo da arte cinematográfica.

Até 1912, o cinema havia se tornado um negócio organizado e internacional, com gêneros estabelecidos, estrelas reconhecíveis e métodos de produção industrial, preparando o cenário para o estilo narrativo clássico.


Capítulo 3 – Cinemas Nacionais, Classicismo de Hollywood e a Primeira Guerra Mundial (1913–1919)


Os anos anteriores e durante a Primeira Guerra Mundial foram cruciais para a moldagem da indústria cinematográfica e do estilo narrativo modernos, com Hollywood emergindo como a força global dominante.


Tomada Americana dos Mercados Mundiais


A guerra interrompeu a produção europeia, especialmente na França e na Itália, cujos estúdios haviam dominado antes de 1914. Os EUA, em grande parte não afetados domesticamente, expandiram suas exportações para preencher a lacuna. Ao final da guerra, os filmes americanos estavam enraizados nos mercados internacionais.


Ascensão dos Cinemas Nacionais


  • Alemanha: Inicialmente prejudicada pela guerra, o governo apoiou a criação da UFA (Universum Film AG) em 1917 para produzir propaganda e unificar a indústria. O cinema alemão logo desenvolveria estilos artísticos distintos.

  • Itália: Continuou a fazer épicos históricos, mas as dificuldades econômicas relacionadas à guerra enfraqueceram a indústria.

  • Rússia: Produziu tanto adaptações literárias quanto obras com consciência social até a Revolução de 1917, que interrompeu a produção.

  • França: Lutou contra a desunião e a escassez de recursos durante a guerra, mas manteve alguma produção criativa.

  • Dinamarca: A empresa Nordisk continuou a produzir thrillers de crime e dramas, mas perdeu muitos mercados devido às barreiras comerciais em tempo de guerra.

  • Suécia: Ganhou prestígio internacional com filmes visualmente ricos e naturalistas de diretores como Victor Sjöström e Mauritz Stiller.


O Cinema Clássico de Hollywood


Em meados da década de 1910, os cineastas americanos desenvolveram um conjunto consistente de convenções narrativas e estilísticas, frequentemente chamado de estilo "clássico".


  • Narrativas claras e orientadas por objetivos.

  • Edição de continuidade (a regra de 180 graus, corte no movimento, correspondências de olhar).

  • Relações causais entre cenas.

  • Continuidade espacial e temporal.


Grandes estúdios começaram a se formar, refinando a divisão do trabalho e a produção industrial. Hollywood também padronizou gêneros como comédia, faroeste, melodramas e seriados.


Encenação de Precisão na Europa


Enquanto os EUA adotavam a continuidade impulsionada pela edição, alguns diretores europeus (ex: Victor Sjöström, Louis Feuillade) exploravam a encenação complexa dentro de planos-sequência, criando um estilo visual diferente, mas igualmente coerente.


Animação Primitiva e Otimização


A animação americana tornou-se mais sistematizada, com estúdios como a Bray Productions desenvolvendo técnicas de linha de montagem.

Até 1919, Hollywood havia dominado um sistema narrativo e de produção que dominaria o cinema mundial por décadas, enquanto os cinemas nacionais europeus, embora enfraquecidos, lançavam as bases para movimentos artísticos posteriores.


Capítulo 4 – A França na Década de 1920


Após a Primeira Guerra Mundial, a indústria cinematográfica da França enfrentou uma recuperação desafiadora, mas também se tornou um centro para a experimentação artística, particularmente com o surgimento do Impressionismo Francês.


Desafios Industriais do Pós-Guerra


A guerra havia interrompido a produção e permitido que as importações dos EUA dominassem as telas francesas.


  • A competição de filmes de Hollywood era intensa.

  • A indústria francesa estava fragmentada, com pequenas empresas lutando contra grandes distribuidores americanos.

  • Instalações de produção desatualizadas limitavam a produção.


Principais Gêneros e Cineastas do Pós-Guerra


Os estúdios franceses produziam adaptações literárias, comédias e dramas históricos. Cineastas notáveis incluíam Abel Gance, Louis Delluc, Germaine Dulac, Marcel L’Herbier e Jean Epstein.


O Movimento Impressionista Francês (1918–final da década de 1920)


  • Contexto Industrial: Muitos diretores impressionistas trabalhavam dentro ou ao lado de estúdios comerciais, mas frequentemente buscavam controle criativo.

  • Teoria e Objetivos: Os impressionistas visavam transmitir a experiência subjetiva, percepções, emoções e estados psicológicos dos personagens, através de técnicas cinematográficas inovadoras.

  • Características Estilísticas:

    • Uso de dispositivos ópticos (superposições, filtros, lentes distorcidas).

    • Edição rítmica para criar efeitos emocionais.

    • Close-ups e planos de ponto de vista para expressar estados mentais.

    • Ênfase no ritmo visual e na textura em vez da progressão direta do enredo.

  • Obras-Chave: A Roda (1922) e Napoleão (1927) de Abel Gance, Coração Fiel (1923) de Epstein, A Senhora Sorridente Beudet (1923) de Dulac.


Declínio do Impressionismo


Até o final da década de 1920, o movimento desapareceu devido a pressões econômicas, competição com filmes sonoros e a dificuldade de sustentar técnicas experimentais em um mercado comercial.

Apesar da fraqueza industrial, a França na década de 1920 deixou um grande legado na história da forma cinematográfica, influenciando o cinema de vanguarda e de arte posterior em todo o mundo.


Capítulo 5 – A Alemanha na Década de 1920


A indústria cinematográfica alemã se recuperou drasticamente após a Primeira Guerra Mundial, produzindo alguns dos estilos mais distintos da era do cinema mudo, sendo o mais famoso o Expressionismo Alemão.


Contexto Pós-Guerra


  • O Tratado de Versalhes e o isolamento pós-guerra inicialmente restringiram as importações, dando aos estúdios alemães um mercado doméstico protegido.

  • Em 1917, o governo estabeleceu a UFA (Universum Film AG), que se tornou o estúdio dominante, capaz de produções em larga escala e tecnicamente avançadas.

  • A hiperinflação no início da década de 1920 tornou a exportação lucrativa (as vendas para o exterior traziam moeda estável), permitindo gastos domésticos extravagantes com filmes.


Gêneros e Estilos


  • Espetáculos: Dramas históricos em larga escala e filmes de época (ex: Madame Dubarry, de Ernst Lubitsch).

  • Expressionismo Alemão (1920–1926):

    • Nascido de tradições teatrais, o Expressionismo enfatizava cenários distorcidos, iluminação de alto contraste e atuação exagerada para evocar estados de espírito internos e temas abstratos.

    • Filmes marcantes incluem O Gabinete do Dr. Caligari (1920), Nosferatu (1922) e Metrópolis (1927).

    • O design visual unificado frequentemente criava mundos dissociados do realismo fotográfico.

  • Kammerspiel (Drama de Câmara): Histórias íntimas, focadas em personagens, que abordavam a vida cotidiana, frequentemente ambientadas em cenários realistas (A Última Gargalhada, 1924).


Sucesso de Exportação


Os filmes alemães encontraram públicos entusiastas no exterior, influenciando cineastas internacionais.


Mudanças em Meados para o Final da Década de 1920


  • A modernização tecnológica dos estúdios melhorou a eficiência.

  • A estabilização econômica após 1924 desviou o foco da fantasia expressionista para a Nova Objetividade (Neue Sachlichkeit), um estilo realista que enfatizava questões sociais contemporâneas (A Rua das Lágrimas, 1925).

  • Diretores como G.W. Pabst tornaram-se figuras centrais, misturando realismo com edição sofisticada e mise-en-scène.


Declínio do Expressionismo


No final da década, o Expressionismo esvaneceu devido a mudanças de gosto, aos custos de cenários elaborados e à competição de Hollywood. Muitos cineastas alemães emigraram para os EUA, levando inovações estilísticas para o cinema clássico de Hollywood.

A Alemanha na década de 1920 deixou um impacto duradouro no estilo do cinema mundial, moldando gêneros como o terror e o film noir por décadas.


Capítulo 6 – O Cinema Soviético na Década de 1920


A Revolução Russa e seu desdobramento criaram um ambiente único para a produção cinematográfica, misturando objetivos políticos com uma experimentação artística radical.


Comunismo de Guerra e Dificuldades Iniciais (1918–1920)


  • A guerra civil, o colapso econômico e a escassez de película quase paralisaram a produção.

  • O governo nacionalizou a indústria cinematográfica em 1919, priorizando cinejornais e propaganda.

  • O Grupo Kuleshov, liderado por Lev Kuleshov, treinou futuros diretores e desenvolveu teorias sobre a montagem por meio de experimentos com edição e performance.


Recuperação sob a Nova Política Econômica (1921–1924)


  • O empreendimento privado limitado revigorou a produção.

  • A distribuição centralizada garantiu que os filmes chegassem aos públicos rurais através de "trens de agitação" e unidades de projeção móveis.

  • Os estúdios foram reconstruídos, e a produção de filmes de ficção foi retomada.


O Movimento da Montagem (1925–1930)


  • Contexto Político: O estado via o cinema como uma ferramenta educacional e revolucionária. Os cineastas abraçaram as ideias marxistas e buscaram inspirar a ação coletiva.

  • Influência Construtivista: Inspirados na arte de vanguarda, os diretores enfatizaram o filme como um artefato construído em vez de uma ilusão da realidade.

  • Figuras e Obras-Chave:

    • Sergei Eisenstein (A Greve, O Encouraçado Potemkin, Outubro), teoria de "montagem das atrações" e montagem intelectual.

    • Vsevolod Pudovkin (Mãe), montagem de ligação enfatizando a continuidade psicológica.

    • Dziga Vertov (O Homem com a Câmera), experimentação documental e filosofia do “cine-olho”.

    • Alexander Dovzhenko (Terra), montagem poética.

  • Características Estilísticas:

    • Edição rápida e rítmica para provocar respostas emocionais ou intelectuais.

    • Causa e efeito não lineares, frequentemente priorizando a continuidade simbólica em detrimento da narrativa.

    • Uso de atores não profissionais e locações reais para enfatizar tipos sociais.


Outros Filmes Soviéticos


Nem todos os cineastas aderiram ao movimento da Montagem; alguns buscaram estilos narrativos mais convencionais para públicos mais amplos.


Declínio da Montagem


Com o Primeiro Plano Quinquenal (1928-1932) e o aumento do controle estatal, o Realismo Socialista substituiu a montagem experimental como estilo oficial. Os cineastas eram obrigados a apresentar histórias otimistas e acessíveis alinhadas com a ideologia do governo.

A década de 1920 na União Soviética permanece um dos períodos mais influentes do cinema, com as teorias de montagem moldando as práticas de edição em todo o mundo e inspirando cineastas de Hollywood à vanguarda europeia.


Capítulo 7 – O Fim da Era do Cinema Mudo em Hollywood (1920–1928)


A década de 1920 marcou o auge da indústria cinematográfica muda americana, com o sistema de estúdios de Hollywood totalmente estabelecido e dominando os mercados globais.


Redes de Cinemas e Expansão da Indústria


  • Integração Vertical: As “Três Grandes” (Paramount, Loew’s/MGM, First National) possuíam instalações de produção, braços de distribuição e grandes redes de cinema. As “Cinco Pequenas” (Universal, Fox, Producers Distributing Corporation, Film Booking Office, Warner Bros.) se concentravam na produção e distribuição.

  • Picture Palaces: Teatros urbanos luxuosos, com capacidade para milhares de pessoas, transformaram ir ao cinema em uma experiência glamorosa.

  • A Associação de Produtores e Distribuidores de Filmes da América (MPPDA): Fundada em 1922 sob a direção de Will H. Hays, a MPPDA promoveu a autorregulação da indústria para afastar a censura governamental e melhorar a imagem pública do cinema.


Produção de Filmes em Estúdios e Avanços Tecnológicos


  • Hollywood aperfeiçoou uma divisão de trabalho eficiente, com departamentos especializados para roteiro, design de cenários, cinematografia, edição e figurino.

  • A adoção generalizada da iluminação de três pontos, do movimento fluido da câmera e da edição de continuidade reforçou o estilo clássico de Hollywood.

  • Espetáculos de grande orçamento, incluindo épicos como Ben-Hur (1925), exibiram as capacidades técnicas da indústria.

  • O investimento em blockbusters aumentou, embora os estúdios os equilibrassem com filmes de gênero de menor custo.


Gêneros e Diretores


  • As comédias floresceram com estrelas como Charlie Chaplin, Buster Keaton e Harold Lloyd.

  • Faroestes, melodramas e aventuras de ação eram presenças constantes.

  • Diretores como Cecil B. DeMille, King Vidor e Ernst Lubitsch moldaram a narrativa de Hollywood com estilos distintos.

  • Diretores estrangeiros (ex: F.W. Murnau, Erich von Stroheim) trouxeram influências europeias para Hollywood.

  • Filmes para Público Afro-Americano: Uma indústria cinematográfica paralela produzia "filmes de raça" para públicos segregados, com diretores como Oscar Micheaux abordando a vida e as questões sociais dos negros.


Crescimento da Animação


A animação americana tornou-se uma parte estabelecida dos programas de cinema, com os estúdios aprimorando técnicas para uma produção consistente.

No final da década de 1920, Hollywood havia alcançado um poder industrial e uma sofisticação artística sem precedentes, justamente quando a transição para o som estava prestes a transformar a indústria.


Capítulo 8 – Tendências Internacionais da Década de 1920


Enquanto Hollywood dominava o mercado global, a década de 1920 viu desenvolvimentos significativos no cinema europeu e internacional, com uma polinização cruzada artística e novos movimentos moldando a linguagem cinematográfica.


Movimento “Film Europe”


  • Tinha como objetivo unir as indústrias cinematográficas europeias para competir com a dominância de Hollywood.

  • Encorajou coproduções, distribuição compartilhada e intercâmbio de talentos entre fronteiras.

  • Inicialmente promissor, mas enfraqueceu devido a desafios econômicos e rivalidades nacionais no final da década de 1920.


O “Estilo Internacional”


  • Uma mistura de características estilísticas de diferentes tradições nacionais: a edição de continuidade de Hollywood, o design do Expressionismo Alemão e o trabalho de câmera do Impressionismo Francês.

  • Diretores como Carl Theodor Dreyer (Dinamarca) exemplificaram esse estilo cosmopolita, criando filmes com clareza narrativa e experimentação artística.


Cinema Experimental e de Vanguarda


  • Animação Abstrata: Artistas como Walter Ruttmann (Alemanha) e Viking Eggeling criaram filmes não narrativos focados em movimento, ritmo e forma.

  • Cinema Dadá: Usava o absurdo e o acaso para desafiar a narrativa tradicional (Entr’acte, 1924).

  • Surrealismo: Explorou a lógica onírica e o imaginário subconsciente (Um Cão Andaluz, 1929).

  • Cinéma Pur: Focou na pura composição visual e movimento sem restrições narrativas.

  • Filmes de Sinfonia Urbana: Documentários líricos como Berlim, Sinfonia de uma Grande Cidade (1927) de Ruttmann retratavam a vida urbana por meio de edição e montagem rítmicas.

  • Narrativa Experimental: Cineastas fundiram técnicas de vanguarda com a narrativa para expandir os limites formais.


Filmes Documentários de Longa-Metragem Ganham Destaque


Documentários começaram a atingir a duração de longa-metragem e a obter grande aclamação, misturando etnografia, diário de viagem e experimentação artística.


Produção Cinematográfica Comercial em Outros Países


  • Japão: Desenvolveu uma forte indústria doméstica, com gêneros como épicos históricos (jidai-geki) e dramas contemporâneos (gendai-geki).

  • Grã-Bretanha: Produziu dramas históricos e adaptações literárias, mas lutou para igualar a escala de Hollywood.

  • Itália: Continuou a produção em menor escala após o declínio de sua tradição de épicos.

  • Países produtores menores contribuíram com mercados de nicho e diversidade estilística.

No final da década, o cinema internacional exibia uma mistura de tendências comerciais e de vanguarda, preparando o cenário para uma maior inovação estilística na transição para o som.


Capítulo 9 – A Introdução do Som


O final da década de 1920 trouxe a inovação mais transformadora do cinema desde sua invenção: o som sincronizado. Essa mudança alterou radicalmente a produção, a exibição e a narrativa em todo o mundo.


O Som nos Estados Unidos


  • Warner Bros. e Vitaphone: Em 1926, a Warner Bros. introduziu o sistema Vitaphone de som em disco com Don Juan (música e efeitos) e, em seguida, com O Cantor de Jazz (1927), que incluía diálogos falados e canções.

  • Outros estúdios rapidamente adotaram sistemas de som em filme (como o Movietone), que se mostraram mais práticos e confiáveis do que os discos.

  • Os primeiros filmes sonoros enfrentaram restrições técnicas: as câmeras barulhentas tinham que ser enclausuradas ("blimped"), os microfones eram imóveis e a edição era limitada para preservar a continuidade do áudio.

  • Impacto na Produção Cinematográfica:

    • Diretores experimentaram cenas de diálogo, números musicais e efeitos sonoros como dispositivos narrativos.

    • O ritmo da edição inicialmente desacelerou, pois as configurações estáticas da câmera favoreciam a colocação do microfone.

    • Gradualmente, melhorias técnicas restauraram o movimento fluido da câmera e uma narrativa visual mais complexa.


O Desafio Sonoro da Alemanha a Hollywood


  • Engenheiros alemães desenvolveram o sistema Tri-Ergon e a Tobis-Klangfilm, criando uma forte indústria sonora doméstica.

  • Disputas por patentes e mercados levaram a negociações internacionais, dividindo os territórios mundiais para a distribuição de filmes sonoros.


O Caminho da URSS para o Som


  • A União Soviética desenvolveu sua própria tecnologia, mas foi mais lenta em adotar o som devido às limitações de recursos.

  • Os primeiros filmes sonoros soviéticos, como Entusiasmo (1931), frequentemente enfatizavam usos experimentais do áudio em detrimento do diálogo sincronizado.


Adoção Internacional do Som


  • França: Adotou rapidamente os filmes falados, usando o som para aprimorar o cinema musical e impulsionado pelo diálogo.

  • Grã-Bretanha: A indústria cresceu com atores treinados no teatro e adaptações literárias.

  • Japão: Enfrentou desafios únicos, já que os narradores tradicionais benshi eram parte integrante da cultura do cinema mudo; os filmes sonoros foram gradualmente aceitos juntamente com essa tradição.

  • Cablagem Global: A conversão de cinemas para o som foi cara, mas no início da década de 1930, a maioria dos grandes mercados já havia feito a transição.

  • Versões multilíngues eram frequentemente filmadas para superar a barreira do idioma antes que a dublagem e a legendagem se tornassem padrão.


No início da década de 1930, o som sincronizado havia se tornado o padrão da indústria, remodelando a forma cinematográfica, a estrutura industrial e as expectativas do público em todo o mundo.


Capítulo 10 – O Sistema de Estúdios de Hollywood (1930–1945)


Durante a década de 1930 e o início da de 1940, Hollywood amadureceu em um sistema industrial verticalmente integrado e altamente eficiente, dominando a produção global de filmes.


Estrutura Industrial


  • As Cinco Grandes: Paramount, MGM, Warner Bros., 20th Century-Fox e RKO controlavam a produção, a distribuição e grandes redes de cinema.

  • As Três Pequenas: Universal, Columbia e United Artists, produziam e distribuíam filmes, mas possuíam poucos cinemas.

  • A integração vertical garantiu uma produção estável, com os estúdios lançando centenas de filmes anualmente.


Operações de Estúdio


  • Cada estúdio desenvolveu um estilo de casa, uma lista de estrelas e especialidades de gênero distintos.

  • O sistema de unidade de produtor delegava a responsabilidade a chefes de produção que supervisionavam vários filmes.

  • Os estúdios (backlots), cenários fixos e departamentos internos (figurino, adereços, música, edição) otimizaram a produção.


O Sistema de Estrelas


  • Os estúdios cultivavam e controlavam os atores por meio de contratos de longo prazo, moldando sua imagem pública por meio de departamentos de publicidade.

  • As estrelas eram ferramentas de marketing centrais, garantindo a lealdade do público.


Gêneros e Programação


  • Gêneros populares incluíam musicais, comédias malucas (screwball comedies), filmes de gângsteres, faroestes e terror.

  • Sessões duplas, filmes B e seriados preenchiam a programação dos cinemas, garantindo uma demanda constante.


Narrativa e Estilo


  • O estilo "Hollywood Clássico" enfatizava a edição de continuidade, a narrativa causal clara e personagens orientados por objetivos.

  • Inovações como a cinematografia com foco profundo e o movimento de câmera mais fluido surgiram no início da década de 1940.


Impacto da Depressão e da Segunda Guerra Mundial


  • A Grande Depressão motivou filmes escapistas e estratégias de produção mais baratas.

  • A Segunda Guerra Mundial impulsionou filmes de construção de moral e narrativas relacionadas à guerra, enquanto o racionamento e a supervisão governamental afetaram a produção.


Desafios ao Sistema


  • A agitação trabalhista e a formação de sindicatos redefiniram as condições de trabalho.

  • Pressões antitruste, especialmente a decisão Paramount de 1948, pairavam no horizonte, ameaçando a integração vertical.

Até 1945, Hollywood havia aperfeiçoado seu sistema de estúdios, criando um modelo de entretenimento de massa que moldou a linguagem e a produção cinematográfica global por décadas.


Capítulo 11 – Outros Sistemas de Estúdios


Das décadas de 1930 a 1950, vários países desenvolveram seus próprios sistemas de estúdios, adaptando o modelo industrial de Hollywood às condições locais.


A União Soviética


  • Centralizada sob a Soyuzkino (posteriormente reorganizada), com controle estatal rigoroso sobre a produção, distribuição e exibição.

  • Ênfase no Realismo Socialista após 1934, promovendo narrativas claras e otimistas que serviam aos objetivos ideológicos.

  • Cineastas como Eisenstein adaptaram estilos para se adequar às diretrizes políticas.


A França


  • Indústria em menor escala com produtores independentes; faltava integração vertical.

  • A década de 1930 viu filmes de "qualidade" com adaptações literárias e o realismo poético (Carné, Renoir).

  • A ocupação da Segunda Guerra Mundial dividiu a indústria: governo de Vichy e a Continental Films controlada pelos alemães.


A Grã-Bretanha


  • Dominada por poucas grandes empresas (ex: Rank Organisation, British International Pictures).

  • As Leis de Quota de 1927 e 1938 visavam proteger a produção doméstica das importações de Hollywood.

  • Estúdios como a Ealing tornaram-se conhecidos por sua habilidade técnica e comédias.


A Alemanha


  • A UFA era o principal estúdio, verticalmente integrado, produzindo filmes de prestígio e entretenimento popular.

  • Após a ascensão nazista em 1933, a indústria foi coordenada sob o Ministério da Propaganda de Joseph Goebbels.

  • Os filmes variavam de propaganda explícita a musicais escapistas e dramas históricos.


O Japão


  • Três grandes empresas, Nikkatsu, Shochiku e Toho, dominavam.

  • Sistemas integrados com diretores, atores e técnicos contratados.

  • Os gêneros incluíam jidai-geki (dramas de época) e gendai-geki (dramas contemporâneos).

  • A Segunda Guerra Mundial viu temas militaristas e censura.


A Índia


  • Bombaim (agora Mumbai) tornou-se o centro de produção; estúdios como a Bombay Talkies operavam com equipe contratada.

  • Produção integrada com foco em musicais que misturavam tradições indianas e narrativas populares.

  • Menos centralizada que Hollywood; muitos produtores independentes coexistiam com grandes estúdios.


A China


  • Xangai era o centro principal, com estúdios como Mingxing e Lianhua produzindo melodramas e filmes de esquerda.

  • A instabilidade política e a invasão japonesa no final da década de 1930 interromperam a indústria.


Em meados do século, embora o sistema de estúdios de Hollywood fosse o modelo global, as indústrias locais o adaptaram às suas próprias realidades políticas, culturais e econômicas, produzindo cinemas nacionais distintos.


Capítulo 12 – Cinema e Estado: URSS, Alemanha e Itália (1930–1945)


Durante a década de 1930 e a Segunda Guerra Mundial, governos autoritários na URSS, na Alemanha Nazista e na Itália Fascista usaram o cinema como uma poderosa ferramenta política, moldando a produção, a distribuição e o estilo para servir aos objetivos do estado.


A União Soviética


  • A indústria cinematográfica foi centralizada sob a Soyuzkino (1930), depois reorganizada várias vezes para aumentar a eficiência.

  • O Realismo Socialista tornou-se a política oficial em 1934, exigindo narrativas otimistas e acessíveis que apoiassem a ideologia do estado.

  • Gêneros populares incluíam épicos históricos, contos de progresso industrial e filmes de guerra.

  • Diretores como Eisenstein se adaptaram: Alexander Nevsky (1938) misturou temas patrióticos com visuais e música inovadores.

  • O cinema da Segunda Guerra Mundial enfatizava a resistência, o heroísmo e a unidade nacional.


A Alemanha Nazista


  • O Ministério da Propaganda de Joseph Goebbels controlava toda a atividade cinematográfica.

  • A UFA permaneceu dominante, produzindo entretenimento ao lado de propaganda.

  • Filmes de propaganda explícita: O Triunfo da Vontade (1935, Riefenstahl) e O Judeu Süss (1940).

  • A maioria das produções eram musicais escapistas, comédias e dramas de época, projetados para distrair enquanto reforçavam indiretamente os valores nazistas.

  • Mercados internacionais visados na Europa ocupada.


A Itália Fascista


  • Mussolini promoveu o cinema como "a arma mais forte".

  • O estado investiu nos estúdios Cinecittà (inaugurados em 1937) e no Festival de Cinema de Veneza.

  • A Diretoria Geral do Cinema supervisionava a produção, favorecendo épicos históricos, comédias e romances de "telefone branco" (que retratavam a vida burguesa).

  • Os anos de guerra viram pouca propaganda; o entretenimento dominou.


Estratégias Comuns


  • Forte controle estatal sobre a infraestrutura da indústria cinematográfica.

  • A censura garantia o alinhamento com a ideologia política.

  • Equilíbrio entre a propaganda explícita e o entretenimento popular para manter o apelo do público.


Até 1945, esses regimes haviam demonstrado a capacidade do cinema de mobilizar o sentimento de massa, misturando espetáculo, ideologia e desvio em indústrias nacionais rigidamente controladas.


Capítulo 13 – França: Realismo Poético, a Frente Popular e a Ocupação (1930–1945)


Entre o início da era do cinema sonoro e o fim da Segunda Guerra Mundial, o cinema francês desenvolveu estilos distintos, navegou pela agitação política e resistiu à ocupação.


Início da Era do Cinema Sonoro


  • A transição para o som foi mais lenta do que em Hollywood, mas foi enriquecida por inovações no diálogo e na música.

  • Estúdios como Pathé-Natan e Gaumont lideraram a produção, frequentemente adaptando obras literárias.


Realismo Poético


  • Estilo dominante em meados da década de 1930, misturando visuais líricos com narrativas fatalistas.

  • Diretores-chave: Jean Renoir (A Grande Ilusão, A Regra do Jogo) e Marcel Carné (O Cais das Sombras, O Dia se Levanta).

  • Os temas frequentemente se centravam em romances fadados ao fracasso, personagens da classe trabalhadora e cenários atmosféricos.


A Era da Frente Popular (1936–1938)


  • O governo de coalizão de esquerda incentivou a produção de filmes com consciência social.

  • A Marselhesa e A Vida é Nossa, de Renoir, refletiam o otimismo político.


A Ocupação (1940–1944)


  • A França foi dividida em norte ocupado pelos nazistas e sul controlado por Vichy.

  • A Continental Films, uma empresa administrada por alemães, produzia entretenimento em língua francesa sob censura rigorosa.

  • Diretores navegavam pelas restrições através de alegorias e cenários de época.

  • Cineastas da Resistência e exibições clandestinas mantiveram vivo o cinema dissidente.


Clima Pós-Libertação


  • Filmes feitos durante a Ocupação foram examinados; alguns artistas enfrentaram acusações de colaboração.

  • A tradição do realismo poético influenciou o cinema do pós-guerra, preparando o cenário para movimentos posteriores como a Nouvelle Vague.

Até 1945, o cinema francês havia emergido da turbulência política com um legado de riqueza estilística, equilibrando a arte poética e o comentário social em condições desafiadoras.


Capítulo 14 – Cinemas de Esquerda, Documentais e Experimentais (1930–1945)


Durante a década de 1930 e a Segunda Guerra Mundial, cineastas de esquerda, documentaristas e artistas experimentais em todo o mundo usaram o cinema para desafiar ideologias dominantes, explorar novas formas e registrar a realidade.


Cinema Político de Esquerda


  • Respondeu à ascensão do fascismo, à depressão econômica e às lutas trabalhistas.

  • Nos EUA, a Workers’ Film and Photo League documentou greves e protestos; Joris Ivens e outros europeus produziram obras antifascistas.

  • A Guerra Civil Espanhola inspirou filmes como Terra da Espanha (1937) e Terra e Liberdade.


Movimentos Documentais


  • A GPO Film Unit da Grã-Bretanha, liderada por John Grierson, criou documentários socialmente conscientes como Notícias da Noite (1936).

  • Filmes patrocinados pelo governo dos EUA durante o New Deal (ex: The Plow That Broke the Plains, de Pare Lorentz) promoveram agendas reformistas.

  • A Segunda Guerra Mundial mobilizou a produção de documentários para propaganda, como a série americana Por Que Lutamos e Alvo para Esta Noite do Reino Unido.


Cinema Experimental


  • Continuou em bolsões de vanguarda, apesar do apoio comercial em declínio.

  • O Surrealismo persistiu em obras de Luis Buñuel (A Idade de Ouro, Terra sem Pão).

  • O filme abstrato se desenvolveu através de artistas como Oskar Fischinger e Len Lye, que exploraram a cor, o ritmo e as relações entre som e imagem.


Interseção entre Política e Experimentação


  • Cineastas soviéticos combinaram técnicas de montagem com mensagens políticas.

  • Alguns documentários de guerra incorporaram a estética de vanguarda para envolver emocionalmente os espectadores.

Até 1945, essas práticas cinematográficas alternativas haviam expandido as possibilidades do meio, provando que o filme poderia servir como arma política, experimento artístico e testemunha histórica fora dos sistemas de estúdios tradicionais.


Capítulo 15 – O Cinema Americano na Era Pós-Guerra (1945–1960)


Após a Segunda Guerra Mundial, Hollywood enfrentou mudanças de público, pressões políticas e nova concorrência, levando a alterações industriais, estilísticas e temáticas.


Desafios da Indústria Pós-Guerra


  • Queda de público devido à suburbanização, à televisão e à mudança nos hábitos de lazer.

  • Decisão Paramount (1948): A Suprema Corte encerrou a integração vertical, forçando os estúdios a se desfazerem de suas redes de cinema.

  • Redução na produção anual de filmes; ascensão da produção independente e da produção em "pacote" (package-unit filmmaking).


Clima Político e a Caça aos Comunistas (Red Scare)


  • As investigações do Comitê de Atividades Não Americanas (HUAC) miraram suposta influência comunista.

  • Os Dez de Hollywood foram colocados em uma lista negra; muitas carreiras foram destruídas.

  • Roteiros e temas foram moldados pelo medo de controvérsia política.


Tendências Estilísticas e Temáticas


  • Film Noir: Dramas policiais sombrios e cínicos que refletiam a desilusão do pós-guerra (Pacto de Sangue, Fuga do Passado).

  • Filmes de Problema Social: Abordavam racismo, delinquência juvenil, alcoolismo (Farrapo Humano, A Luz é para Todos).

  • Espetáculos Épicos: Épicos bíblicos e históricos (Os Dez Mandamentos, Ben-Hur) visavam competir com a TV.

  • Musicais e Comédias: Continuaram sendo lucrativos com produções luxuosas da MGM e de outros estúdios.


Respostas Tecnológicas à TV


  • Formatos de tela larga (Cinemascope, VistaVision), som estereofônico e cinematografia colorida tornaram-se atrativos de venda.

  • O 3D surgiu brevemente como uma novidade.


Influências Independentes e Internacionais


  • Ascensão de produtores independentes como Stanley Kramer.

  • O cinema de arte europeu influenciou diretores e públicos, abrindo caminho para a experimentação posterior da Nova Hollywood.

Até 1960, Hollywood havia se adaptado a um cenário de mídia transformado por meio da inovação tecnológica, da diversificação de gêneros e do gradual afrouxamento do controle do antigo sistema de estúdios.


Capítulo 16 – O Cinema Europeu Pós-Guerra: Neorrealismo e seu Contexto (1945–1959)


Após a Segunda Guerra Mundial, o cinema europeu se reconstruiu em meio a dificuldades econômicas e mudanças políticas, com o Neorrealismo Italiano emergindo como o movimento mais influente do período.


Neorrealismo Italiano


  • Desenvolvido em uma Itália devastada, rejeitando o glamour dos estúdios do pré-guerra em favor de filmagens em locação e atores não profissionais.

  • Focou em pessoas comuns e questões sociais, misturando o realismo documental com narrativas roteirizadas.

  • Obras-chave: Roma, Cidade Aberta (1945, Rossellini), Ladrões de Bicicleta (1948, De Sica), A Terra Treme (1948, Visconti).

  • Temas de pobreza, resiliência e ambiguidade moral refletiam as lutas do pós-guerra.

  • A influência se espalhou internacionalmente, moldando o cinema de arte posterior.


França Após a Libertação


  • A indústria reviveu apesar da escassez.

  • Filmes da "Tradição de Qualidade" enfatizavam adaptações literárias, produção polida e atores estrelas.

  • Diretores como René Clément e Claude Autant-Lara contrastavam com críticos mais jovens em busca de um cinema mais pessoal e inovador (antecipando a Nouvelle Vague Francesa).


Grã-Bretanha na Era Pós-Guerra


  • Continuou o realismo social em filmes como A Lâmpada Azul (1950).

  • A Ealing Studios produziu aclamadas comédias (Nobleza de Vigarista, O Mistério da Torre).

  • Coproduções com os EUA tornaram-se comuns para financiamento.


Outros Cinemas Europeus


  • Suécia: Ingmar Bergman emergiu com dramas introspectivos.

  • Leste Europeu: Estados socialistas fomentaram indústrias nacionais sob controle estatal; a "Escola Polonesa" da Polônia ganhou aclamação no final da década de 1950.

  • Alemanha Ocidental: Os "filmes de escombros" retratavam a vida em meio à destruição pós-guerra antes de perderem popularidade.


Até 1959, o cinema europeu pós-guerra foi marcado tanto pela revitalização comercial quanto pela renovação artística, com o legado do Neorrealismo inspirando cineastas em todo o mundo e preparando o cenário para o boom do cinema de arte da década de 1960.




















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